Por Antônio Graça*
A proximidade das eleições municipais de novembro torna oportuno revisitar o Manual GPI Eleições 2020, lançado pelo Projor e pelo Insper em agosto. É uma publicação que funciona como um agregador de informações, dados e análises sobre diversos temas ligados a questões municipais, eleitorais e jornalísticas, de grande valia para profissionais da imprensa em particular, eleitores e cidadãos de maneira geral.
Além de um texto claro e conciso, o manual traz diversos links para vídeos, gráficos, tabelas e ilustrações, que enriquecem o conteúdo e facilitam a leitura. Esta é a segunda edição do manual, que é publicado desde 2016, e integra o projeto Grande Pequena Imprensa (GPI), idealizado pelo jornalista e fundador do Projor, Alberto Dines (1931-2018).
No primeiro segmento do manual, Panorama Municipal, o leitor tem acesso a uma verdadeira radiografia do conjunto dos 5.570 municípios do Brasil. Segundo a análise do manual, além da diversidade geográfica, eles são marcados por profundos contrastes socioambientais e econômicos, na capacidade de planejar e executar políticas públicas e também de prestar contas à população.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme registra o manual, de todos os municípios, apenas 324 têm mais de 100 mil habitantes. Eles também concentram mais da metade da população brasileira e geram cerca de 70% do PIB. As 93 cidades mais importantes do país – capitais estaduais e pólos econômicos – agrupam 37,8% dos eleitores.
O segmento Panorama Municipal traz ainda informações sobre a máquina municipal, as atribuições dos prefeitos, dos vice-prefeitos e das Câmaras Municipais.
Jornalismo de dados
O manual tem segmentos voltados particularmente aos jornalistas. É o caso de Jornalismo de Dados, uma modalidade jornalística mais ou menos recente. Diz o texto:
“Olhar para estatísticas, consultar dados quantitativos e investigar conjuntos de documentos sempre fizeram parte do trabalho de apuração jornalística. Contudo, o que se convencionou chamar de jornalismo de dados hoje usa essas técnicas e vai além. Munido de ferramentas como planilhas digitais e de metodologias emprestadas de outras ciências, com acesso a bancos de dados públicos ou conjuntos de documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação, o repórter consegue entrevistar dados como entrevistaria especialistas ou autoridades na área que está investigando”.
Interessante nesta nova forma de jornalismo é a pirâmide invertida elaborada por Paul Bradshaw, da Universidade de Birmingham. De cima para baixo, a pirâmide contempla os seguintes procedimentos: compilar, limpar, contextualizar, combinar, comunicar. De acordo com o manual, pelo modelo de Bradshaw, a etapa mais difícil é a de organização e compilação das bases de dados que serão usadas na reportagem.
“Porque antes de pensar em qualquer matéria com dados, é preciso saber que números são relevantes para responder as perguntas ou validar uma hipótese, onde encontrá-los e quais as limitações desses dados”, observa o manual.
Esta resenha cita apenas alguns exemplos do valioso conteúdo deste manual, que traz questões decisivas para os cidadãos de maneira geral, mas especialmente para jornalistas. Mais que um manual, a publicação do Projor e do Insper é um verdadeiro compêndio sobre o tema a que se dedica.
*Antonio Graça é jornalista e associado da APJor.
Para saber mais:
Manual GPI 2020 Eleições Municipais
IBGE divulga as estimativas da população dos municípios para 2019
As 93 cidades mais importantes do país concentram 37,8% dos eleitores