Por Celso Bacarji
De janeiro até o início de abril deste ano, o número de jornalistas mortos no Brasil em decorrência da Covid-19 superou em 8,9% o total registrado em 2020, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (20/05) pela Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas. Foram 78 mortos no ano passado inteiro e 86 somente em 2021, totalizando 169 casos, o que coloca o país em primeiro lugar no mundo em número de jornalistas vítimas da doença.
No primeiro trimestre deste ano, foram 28,6 mortes de jornalistas por mês, praticamente um óbito por dia. Os dados da Fenaj foram obtidos em uma busca direta em jornais, sites e blogs de todo o país, com informações fornecidas pelos sindicatos dos jornalistas ou vindas diretamente por colegas de profissão. Incluem os jornalistas da ativa e aposentados vitimados por Covid-19, mas não incluem radialistas não registrados como jornalistas e outros comunicadores.
SP, AM e PA lideram
A Fenaj analisou os dados por estado, por faixa etária e gênero. Os estados de São Paulo, Pará e Amazonas lideram em números absolutos o ranking das vítimas de Covid-19 entre jornalistas, com 19 mortes em cada um.
A maioria dos casos se situa na faixa entre 51 e 70 anos (54,9%) e atinge principalmente os homens (90,2%), mas a média de idade das jornalistas mortas é bem abaixo. Enquanto a média geral de idade é de 61 anos, a das mulheres está em 43 e quatro das vítimas tinham menos de 34 anos.
O relatório da Fenaj traz os nomes das 169 vítimas, a idade, o estado em atuavam e a data da morte.
Dados do setor
Dados do Dieese, entretanto, mostram que, se considerados por setor e apenas os empregados contratados pelo regime de CLT, entre o primeiro trimestre de 2020 e o primeiro de 2021,os trabalhadores do setor de informação e comunicação tiveram uma variação de desligamento por morte de 124,2%, à frente de setores como educação e saúde (ver tabela). Considerada isoladamente, a atividade de atenção à saúde humana teve um crescimento de 75,9%. Até enfermeiros morreram menos que jornalistas: o crescimento dos óbitos nessa categoria específica foi de 116%.
* Celso Bacarji é jornalista associado e editor do site da APJor
Para saber mais:
Dossiê Fenaj de jornalistas mortos pela Covid-19
Boletim Dieese de desligamentos por morte no emprego celetista
