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Dia do Jornalista virtual celebra a excelência profissional e sofre ataque

Por Leda Beck - Ato virtual organizado pela APJor, ABI, Fenaj, SJSP e RBJA celebrou o Dia do Jornalista, em meio a um clima de terror contra repórteres e contra a saúde do brasileiro. No evento, a jornalista Patrícia Campos Mello foi homenageada com o Troféu Audálio Dantas

Por Leda Beck*

No 7 de abril, Dia do Jornalista, um ato virtual homenageou todos os jornalistas na pessoa da repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. O médico Dráuzio Varella fez parte da mesa, representando os profissionais da saúde, celebrados internacionalmente também a 7 de abril, no momento em que estes são igualmente vítimas do desgoverno que trata tão mal a saúde e os brasileiros. Vídeos de participantes e apoiadores convocaram o ato (ver aqui).

Foi a primeira vez que ocorreu um ato unificado pelo 7 de abril, ainda que virtual, com a presença de representantes de seis entidades ligadas ao jornalismo e aos jornalistas. Foi também a primeira vez que um ato desse tipo foi violentamente interrompido por crackers, que irromperam aos gritos e palavrões a meio do evento e forçaram a interrupção do encontro, que já tinha cerca de 75 pessoas na sala, com mais de 1200 pessoas visualizando o material publicado no canal a APJor no YouTube.

Estavam presentes ao ato virtual o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jerônimo de Sousa, o Pagê; a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, a Zequinha; o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi; o presidente da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA), Dal Marcondes, que é também diretor da APJor; o diretor da Oboré, Sérgio Gomes; e o presidente da Associação Profissão Jornalista (APJor), Fred Ghedini, que organizou o evento.

Como Patrícia Campos Mello tem sido vilipendiada pelo Gabinete do Ódio, porque fez bem o seu trabalho e descreveu o esquema de mensagens de WhatsApp na campanha eleitoral, a hipótese é de que o tumulto foi orquestrado por bolsominions, que acompanham os passos da repórter para tumultuar todo evento em que esteja presente. No dia seguinte, Fred Ghedini, presidente da APJor, enviou uma carta às entidades participantes.

Troféu Audálio Dantas

Em sua intervenção, o jornalista Juca Kfouri, membro do Conselho Consultivo da ABI, ponderou “a importância de não esmorecer diante dos ataques à democracia que ora vivemos”. Para ele, a homenagem a Patrícia Campos Mello e a presença de Dráuzio Varella expressaram o apreço ao jornalismo de excelência e o respeito à ciência. “Urge a defesa da liberdade de imprensa e do conhecimento, neste momento em que vemos as instituições e as vidas brasileiras ameaçadas por uma minoria ensandecida”, concluiu.

Apesar da ação dos crackers, houve tempo para prestar a homenagem à repórter, que já recebera o Troféu Audálio Dantas em casa — uma imagem de São Jorge no corcel branco, enfrentando o dragão como repórter, com lança transformada em microfone, gravador na cintura e uma câmera no capacete. Patrícia Campos Mello exibiu o prêmio e lembrou que “a tragédia da pandemia teve o efeito de revalorizar o jornalismo profissional em meio ao mar de fake news e desinformação”.

Com a curadoria de Sérgio Gomes, coordenador do Projeto Repórter do Futuro (PRF) e diretor da Oboré, o troféu foi baseado num desenho de 1996 da cartunista Laerte Coutinho, esculpido por Roger Matua. Gomes, que também participou do ato virtual, planejara uma cerimônia na Câmara Municipal de São Paulo justamente para o 7 de abril, mas a pandemia impediu o evento.

Vanira Kunc, viúva de Audálio Dantas, fez a leitura de uma carta aberta a Patrícia Campos Mello, condenando “o covarde e inominável ataque” a ela. “Era preciso retomar o espírito que animou todas as entidades representativas dos jornalistas ao comemorar o 7 de abril do ano passado”, disse Kunc, rememorando o processo que resultou no troféu, iniciado em 2017, e que envolveu 23 diferentes entidades.

Novo ecossistema

Dal Marcondes e outros não conseguiram falar, devido à brutal interrupção do evento, mas o presidente da RBJA enviou um breve depoimento: “A produção de jornalismo nunca foi um ato solitário, seu ecossistema sempre foi coletivo. A nova coletividade está em rede, um outro formato de interação que se estrutura em grupos, páginas, mensagens entre colegas. O jornalismo precisa da inteligência coletiva e a construção desse novo ecossistema precisa de uma plataforma de interatividade cognitiva. A Rede de Jornalistas Ambientais procura suprir essa lacuna, assim como a APJor pode ser o ambiente de diálogo para construir o ecossistema do jornalismo brasileiro do século XXI”.

*Leda Beck é jornalista e associada da APJor

APJor

APJor

A Associação Profissão Jornalista (APJor) é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2016 por um grupo de 40 jornalistas, com o objetivo de defender o jornalismo ético e plural e valorizar o papel do jornalista profissional na sociedade brasileira.